Doença atinge cerca de 35 mil brasileiros. No mundo, mais de 2,5 milhões têm o problema
Estima-se que 80% da população do Brasil sequer sabe o que é a Esclerose Múltipla (EM). E com o objetivo de divulgar a doença, contribuir para o diagnóstico precoce, tratamento adequado e melhor qualidade de vida dos pacientes, durante todo o mês é celebrado o "Agosto Laranja", com culminância no dia 30, quando é vivenciado o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla. A ideia é voltar as atenções para a doença que, embora rara, acomete cerca de 35 mil brasileiros e 2,5 milhões de pessoas no mundo.
Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), as mulheres são mais propensas a desenvolver a doença, com uma proporção de três para um, e a população mais atingida tem entre 20 e 40 anos. Dentro do perfil apontado pela Abem, estão as atrizes brasileiras Claudia Rodrigues e Ana Beatriz Nogueira, que convivem com a doença desde 2006 e 2009, respectivamente.
Elas descobriram a esclerose no ápice de suas vidas pessoal e profissional: Claudia tinha 30 anos quando foi diagnosticada; Ana Beatriz, 40. Mas, afinal, o que é a Esclerose Múltipla? Pode ser prevenida? Quais as causas? Quais os sintomas? Existe tratamento? Tem cura?
O que se sabe até então é que a EM é uma doença neurológica, crônica e autoimune, uma vez que as células de defesa do corpo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões. "As reais causas ainda são desconhecidas, havendo uma complexa e heterogênea interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais, podendo ainda haver alguma relação com certas infecções virais", explicou o neurologista Paulo Henrique Fonseca. Há ainda uma relação com fatores como o tabagismo, a obesidade, principalmente na adolescência, e baixos níveis de vitamina D.
Os sintomas habituais da doença são visão distorcida ou dupla, fadiga prolongada, formigamentos, perda de força e equilíbrio, espasmos musculares, dores crônicas, depressão, dificuldade cognitiva, problemas sexuais e incontinência urinária. Diante dessa variedade de sintomas, o diagnóstico tende a ser difícil e demorado.
Outra característica da doença é se comportar em surtos, caracterizados por episódios repetidos de piora neurológica com as características acima citadas. O diagnóstico da doença é elaborado e complexo. Para tal, faz-se necessário uma ampla avaliação clínica e o suporte de exames complementares, como ressonância magnética e coleta do liquor (líquido que banha a medula).
"O tratamento da doença visa à remissão dos surtos, controle dos sintomas e da progressão da doença. Atualmente dispomos de uma vasta gama de medicações com eficácia comprovado, devendo as mesmas serem indicadas após uma análise caso a caso. Ainda lançamos mãos de medicações de suporte para controle da dor, da espasticidade, dos sintomas emocionais e cognitivos, bem como de equipe multidisciplinar de reabilitação (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos)", concluiu o neurologista.
A Esclerose Múltipla:
NÃO é uma doença mental;
NÃO é contagiosa;
NÃO é suscetível de prevenção;
NÃO tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os afeitos e desacelerar a progressão da doença.
Sintomas mais comuns:
Fadiga crônica
Sensitivas: dormências ou formigamentos e dor ou queimação na face.
Visuais: visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho, embaçamento ou perda visual e visão dupla.
Motoras: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular.
Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios.
Esfincterianas: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino.
Cognitivas: problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação).
Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade.
Tratamento:
Medicamentoso: azatioprina, ciclosfosfamida, mitoxantrone, methotrexate e ciclosporina.
Terapias de apoio e complementares
Terapias de neurorreabilitação: psicologia, neuropsicologia, fisioterapia, arteterapia, fonoaudiologia, fisioterapia, neurovisão e terapia ocupacional.
Terapias de apoio: neurologia, psiquiatria, medicina preventiva e urologia.
Terapias complementares: harmonia física e espiritual, melhora da capacidade de realizar atividades do dia a dia, a autoestima, autoconfiança e aceitação, alívio das dores, melhoria da força e a flexibilidade.