Esta semana VANGUARDA traz uma entrevista especial com o procurador do Ministério Público de Contas, Cristiano Pimentel. Ele veio à cidade para participar de um seminário que debateu as eleições municipais de 2020, contando com a presença de políticos de mandato, lideranças comunitárias, além de advogados e jornalistas. Ele falou sobre a importância do evento, principalmente por envolver recursos públicos. De uma linha muito dura, no que diz respeito a desvio de recursos públicos, Pimentel defendeu a Operação Lava Jato e disse não ‘ver nada demais' nos diálogos entre Sérgio Moro e o promotor Deltan Dallagnol, divulgados pelo site Intercept Brazil.
Segundo ele, é preciso redobrar os cuidados nas próximas eleições. "Infelizmente ainda vemos muita gente sendo caçada aí. Por falhas que comentem durante a campanha ou durante a prestação de contas, principalmente no que é gasto com o dinheiro público", disse o procurador.
Ele afirmou que, apesar de algumas cassações, a impunidade ainda é o maior problema, quando o assunto é desvio de recursos. "A punição no Brasil ainda é um problema, uma falta de efetividade. Nós tivemos a Operação Lava Jato, que foi um sucesso em punir políticos e empresários poderosos, mas todo mundo está vendo os ataques que a Lava Jato vem sofrendo, apesar de ter recuperado tanto dinheiro desviado. Esses políticos e empresários corruptos têm a melhor defesa. Eles podem pagar os melhores advogados e nossa Justiça vive um gargalo, principalmente envolvendo lavagem de dinheiro e corrupção", analisou.
Indagado sobre as conversas vazadas pelo site Intercept Brazil, ele saiu em defesa do juiz Sérgio Moro e do promotor Deltan Dallagnol. VANGUARDA questionou ainda os diálogos e orientações que, de acordo com a lei são proibidos, perguntando se vale tudo para conseguir punir acusados de desvio. Mesmo assim, Pimentel saiu em defesa da Lava Jato. "Com certeza não vale tudo. O que estou vendo é pirotecnia. Quem conhece fórum e frequenta gabinetes de juízes e desembargadores não está vendo nada de ilegal naqueles diálogos. Muitas dessas matérias divulgadas não têm a ver com o processo. É fofoca, fofoca mesmo. De repente chega o hacker, rouba conversas e fica pincelando picuinhas de escritório para anular a Lava Jato", disse.