O presidente da Câmara de Vereadores de Caruaru, Lula Torres, fez uma análise dos seis primeiros meses de 2019 e avaliou os governos de Jair Bolsonaro, Paulo Câmara e de Raquel Lyra
Wagner Gil
Na tarde da última quinta-feira, dia 1º de agosto, os vereadores de Caruaru voltaram aos trabalhos depois de um mês de recesso parlamentar. O presidente da Casa Jornalista José Carlos Florêncio, Lula Torres (PSDB), falou com a nossa reportagem, analisou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que cassou o mandato de Alberes Lopes (ler mais Política 4), e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ‘não lhe representa'.
Lula Torres começou a entrevista fazendo uma avaliação do trabalho legislativo e dos seus dois anos e meio à frente da presidência da Casa Jornalista José Carlos Florêncio. "Os 22 vereadores e a vereadora Zezé Parteira têm feito sua parte, no que diz respeito ao trabalho legislativo. Várias audiências públicas de temas pertinentes foram debatidas aqui no mais alto nível. Muitos projetos de lei que já estão mudando a vida dos caruaruenses foram aprovados. É uma legislatura que trabalha bastante. Apesar de estarmos em recesso, teve muito trabalho aqui e os gabinetes permaneceram abertos", revelou.
O presidente da Casa destacou ainda avanços importantes, como a implantação do Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL) e a retirada do papel no dia a dia dos trabalhos legislativos. "Também implantamos iluminação de LED e fizemos aqui uma reforma que valoriza o servidor e lhe proporciona mais conforto nos seus afazeres", destacou.
Na questão política, Lula fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Indagado que nota daria a ele nos seis meses de gestão, o tucano retrucou: "Ele não me representa. Prefiro não dar nenhuma nota a esse cidadão. No primeiro turno, votei no candidato do meu partido (Alckmin) e, no segundo, em Haddad", revelou. Segundo Lula, as falas do presidente em determinados temas prejudicam o país e envenenam o ambiente político.
Já em relação ao governador Paulo Câmara (PSB), Lula Torres também foi crítico. "Caruaru não pode ser vítima da falta de relação entre o governador e a prefeita do município. Quem perde não é Raquel, nem os vereadores, é o cidadão caruaruense", afirmou o edil, referindo-se à falta de repasses e obras para a Capital do Agreste.
Segundo a prefeitura Raquel Lyra (PSDB), o débito do Governo do Estado com a cidade na área de saúde é muito grande, isso incluindo verba do Samu Regional, que é mantido pela PMC. Em relação ao São João, o governador Paulo Câmara vem reduzindo, de forma considerável, o apoio à Capital do Forró.
No primeiro ano da gestão de Raquel Lyra, o repasse foi de R$ 2,5 milhões. Em 2018, o governador só liberou R$ 800 mil, mas essa verba chegou com um ano de atraso. Para o São João deste ano foi anunciado um repasse de apenas R$ 400 mil.
"Isso não pode acontecer. Isso já foi tema de debate entre os vereadores e falado aos deputados da base de Paulo Câmara", disse. Quando foi solicitada uma nota de avaliação para o comandante do Palácio do Campo das Princesas, o presidente da Câmara foi rápido: nota 6.
Ele também avaliou a gestão da prefeita Raquel Lyra. "É um governo que resolveu priorizar a educação. Quem tem filhos nas escolas municipais sabe a qualidade do material, da merenda etc. Muitas escolas foram reformadas e outras estão sendo. Também teve um compromisso enorme em ampliar as vagas de creches. O déficit de quase oito mil vagas está chegando na metade. Quase quatro mil já foram criadas até o primeiro semestre deste ano", revelou o parlamentar. "O compromisso será criar as oito mil até o final da gestão. Eu acredito", completou Lula.
O vereador destacou ainda uma série de obras de infraestrutura, como calçamentos, saneamento e reestruturação do Parque 18 de Maio e do Monte do Bom Jesus. "Vale destacar ainda o excelente São João realizado pela prefeita. Foram 12 polos na zona rural, mas, além de festa, o povo do Interior ganhou obras de estrutura. Raquel merece nota 9", finalizou o presidente.
MARIELLE FRANCO
O vereador Daniel Finizola (PT) teve o seu projeto de lei aprovado, na tarde da última quinta. A matéria denomina o acesso ao Campus Agreste da Universidade Federal de Pernambuco de Avenida Marielle Franco.
Quando apresentado, o projeto de lei gerou uma grande repercussão entre os caruaruenses, causando um clima de desavença nas mídias sociais entre aqueles que não são simpatizantes da ex-vereadora. A matéria foi aprovada por 16 dos 20 vereadores presentes na Casa.
Marielle foi executada no dia 14 de março de 2018 e, apesar dos suspeitos de terem cometido o crime estarem presos, a sociedade espera por uma resposta sobre o mandante. A carioca era defensora dos Direitos Humanos e seu assassinato repercutiu em todo o mundo. Inclusive, em Paris, a vereadora se tornou nome de uma rua da capital francesa, e, em Buenos Aires, uma estação de metrô também foi nomeada em homenagem a ela.