Jaciara Fernandes
O Polo do Repente foi palco, na noite da última quarta-feira (26), de importante discussão sobre o forró. O público presente teve a oportunidade de ficar por dentro de tudo que se diz respeito ao gênero musical e ainda conheceu de perto a proposta de tornar, até 2020, o forró em patrimônio imaterial, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A discussão foi feita durante a roda de conversa com o professor e etnomusicólogo Carlos Sandroni, do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
No bate-papo com os presentes, o especialista destacou que as matrizes tradicionais do forró saíram do Nordeste, mas descartou a formação da palavra forró a partir da expressão inglesa for all, como defendem alguns estudiosos que acreditam que o termo surgiu durante a 2ª Guerra Mundial, em Natal. "De acordo com a geografia e a história da música, as matrizes originais estariam no sertão de Pernambuco, Paraíba e Ceará", foi enfático o professor.
Sandroni também não hesitou em afirmar que o forró é uma expressão de identidade do povo nordestino para vários gêneros como o xaxado, o xote, o arrasta pé, as quadrilhas e o baião criado por Luiz Gonzaga, que teve um papel fundamental para afirmação da cultura nordestina. O conselheiro de Cultura do Estado de Pernambuco, Valdez Soares, se expressou sobre o assunto. "Uma palestra muito produtiva que vem basicamente para enriquecer nossos conhecimentos não apenas do forró como música, mas como uma manifestação cultural que se tornou essencial para o Nordeste. Ainda, segundo o professor, desde o século XIX, o uso da palavra forró serve para designar uma festa popular com dança, música e bebida", enfatizou Valdez.
A interação do especialista com os turistas e caruaruenses foi um momento histórico para a Capital do Forró, que leva o som da sanfona, da zabumba e do triângulo para os quatro cantos do mundo. "Nós estamos aqui, na Capital do Forró, porque Caruaru é um celeiro de forrozeiros e de pessoas que tornam o forró imaterial, pois sabem fazer forró, e isso, inclui a dança, os instrumentos musicais, a festa junina e tudo que diz respeito ao contexto. E é por tudo isso que Caruaru também participará da pesquisa para criação do inventário da Fundação Respeita Januário para patrimonização do forró", assegurou Sandroni.
Também participaram do encontro representantes do Centro de Tradições Nordestinas, de São Paulo, que vieram a Caruaru para trocar ideias e conhecimentos a cerca do tema e dos festejos juninos como um todo.