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Política
 
15/06/2019
Novo vazamento indica apoio de Fux a Dallagnol e Moro
 

O recado faz parte do material que o Intercept vem divulgando que sugere que Moro debatia estratégias com Dallagnol e chegava a orientar decisões

Revelada na noite da última quarta-feira (11) pelo jornalista Reinaldo Azevedo, uma mensagem do aplicativo Telegram obtida pelo site The Intercept sugere que a força-tarefa da operação Lava Jato contava com apoio do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em abril de 2016, segundo o vazamento, o procurador federal Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Paraná, contou ao então juiz federal Sérgio Moro (hoje ministro da Justiça e Segurança Pública) ter encontrado Fux e que o magistrado disse para "contarmos (a força-tarefa da Lava Jato) com ele para o que precisarmos, mais uma vez". Moro, então, respondeu: "In Fux we trust" (confiamos em Fux, em inglês).

O recado faz parte do material que o Intercept divulga desde o último domingo (9) e que sugere que Moro debatia estratégias com Dallagnol e chegava a orientar decisões dos investigadores. Ministro e procurador afirmam que tiveram os celulares invadidos por um hacker e negam que os vazamentos indiquem conluio entre as partes, mas não contestaram a veracidade do conteúdo divulgado.

A mensagem revelada na última quarta foi enviada por Dallagnol a procuradores em um grupo de discussão do Telegram, no dia 22 de abril de 2016, e repassada a Moro no mesmo dia. A conversa ocorreu pouco mais de um mês após Moro ter retirado o sigilo de dezenas de áudios de ligações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um episódio que agravou a crise em torno da então presidente Dilma Rousseff.

Na mensagem, Dallagnol relata ter conversado com Fux sobre o assunto: "Reservado, é claro: O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me pra ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições", relatou Dallagnol.

"Em especial no novo governo", completou o procurador, referindo-se ao ex-presidente Michel Temer, que assumiria o Planalto dali a menos de um mês, no dia 12 de maio, após a Câmara dos Deputados ter aprovado o afastamento de Dilma. Moro responde a este comentário com "In Fux we trust", e Dallagnol rebate com uma risada.

Fux informou, por meio de assessoria, que não irá comentar assunto. O MPF comunicou que não fará nova manifestação.


AUDIÊNCIA

A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado marcou para o dia 19 de junho, às 9h, uma audiência com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para falar sobre o vazamento de mensagens que sugerem interferência junto à força-tarefa da operação Lava Jato à época em que o ministro era o juiz federal que conduzia a operação.

O comunicado foi feito pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na tarde da terça (11), durante sessão conjunta do plenário do Congresso. A deputados e senadores, Alcolumbre leu uma carta do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), que informava a disponibilidade para falar à CCJ. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente do colegiado, marcou a data da reunião.

Bezerra afirmou, no documento, estar certo de que "esta será uma oportunidade para que ele (Moro) demonstre sua lisura e correção como juiz federal, refutando as críticas e ilações a respeito de sua conduta à frente da Operação Lava Jato".

Desde que as mensagens foram reveladas, Moro não negou a autenticidade do material, mas afirmou que os diálogos não indicam "direcionamento" dele junto às decisões da investigação.

Fonte: Congresso em Foco

 
 
 
 
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