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Economia
 
02/02/2019
Empresas analisam possíveis aumentos nas passagens
 

A AETPC encontra-se em processo de elaboração de planilha dos custos absorvidos pelas companhias que operam no STPP, para propor aos órgãos novos reajustes

Pedro Augusto

Em 2018, mais precisamente na primeira quinzena de fevereiro, passou a vigorar na Capital do Agreste os novos valores das passagens de ônibus. Na oportunidade, as tarifas saltaram de R$ 2,60 para R$ 3,15 (para quem paga em dinheiro), de R$ 2,60 para R$ 2,84 (para quem utiliza o cartão Leva) e de R$ 1,30 para R$ 1,42 (para quem é estudante ou servidor municipal). Passado quase um ano, atualmente, a Associação das Empresas de Transporte de Passageiros de Caruaru (AETPC) encontra-se em processo de elaboração de planilha dos custos absorvidos pelas três companhias que atendem ao Sistema de Transporte Público de Passageiros de Caruaru (STPP), para, em seguida, propor aos órgãos envolvidos novos reajustes das tarifas.

De acordo com o diretor institucional da AETPC, Ricardo Henrique, nesta planilha consta vários aspectos analisados. "Neste momento, as três empresas (Coletivo, Capital do Agreste e Tabosa), que atuam no STPP, se encontram realizando os seus respectivos levantamentos para, posteriormente, a AETPC encaminhar a planilha padrão junto à Destra. Nela, constarão os investimentos que foram empregados pelas companhias no tocante à ampliação da frota, à implantação de novas tecnologias e aos treinamentos realizados. Em paralelo, constarão os custos provenientes às folhas salariais, ao óleo diesel e demais produtos necessários para manutenção do serviço, bem como à gratuidade no transporte de pessoas. Ou seja, esse balanço evidenciará o custo de se transportar, hoje, na cidade", disse.

Um ponto reforçado pelo diretor para a elevação das despesas das empresas de ônibus diz respeito à gratuidade nas passagens. "Para se ter ideia do impacto nos custos do serviço, hoje, 34% das pessoas que são diariamente transportadas pelo STPP não pagam a passagem. Esse índice é muito alto em comparação com o âmbito nacional e vem alargando bastante as nossas despesas", acrescentou Ricardo.

Segundo o diretor executivo da Coletivo, Adolfo José, na sua empresa, a gratuidade tem girado atualmente na casa dos 43%. "Na prática, isso representa um trabalho social destacável, conforme temos realizado atendendo às linhas as quais foram estabelecidas para a Coletivo. Não só no que se refere a idosos, mas também temos prestado esse importante serviço a cadeirantes e demais pessoas enquadradas no sistema de gratuidade", afirmou.

De acordo também com o diretor da AETPC, ainda não se chegou a um denominador comum junto à Destra para os novos preços a serem, provavelmente, praticados em 2019. "Esses valores ainda não foram fechados, haja vista que ainda nos encontramos no processo de elaboração da planilha. A torcida é que, neste ano, a Câmara de Vereadores atenda à nossa solicitação e provoque a desoneração do ISS (Imposto sobre Serviços), que, com certeza, beneficiará bastante a todos os usuários, na medida em que impactará em valores menores em relação às tarifas. Ressaltamos a população caruaruense, que essa discussão tarifária tem ocorrido em praticamente todos os municípios do país sempre ao longo do mês de janeiro. Com ela, poderemos investir cada vez mais na qualidade do serviço", pontuou Ricardo Henrique.

Segundo os dados da AETPC, atualmente o Sistema de Transporte Público de Passageiros de Caruaru dispõe de 143 ônibus, dos quais 46 são novos e 23 possuem ar-condicionado. A idade média dos veículos tem sido abaixo dos quatro anos, a frota possui acessibilidade, monitoramento e câmeras de segurança, bem como os usuários contam com serviço de aplicativos. O sistema ainda tem sido responsável pela geração de 800 empregos diretos e pela realização de diversos cursos de capacitação voltados para os seus colaboradores, como direção preventiva, atendimento ao cliente e primeiros socorros.

"Com a vigoração do STPP, o serviço melhorou consideralvemente em todos os aspectos. Na nossa empresa, por exemplo, somente em relação à frota, investimos pouco mais de R$ 6 milhões na aquisição de 20 novos ônibus, que, inclusive, já se encontram rodando nas linhas da cidade. Nosso objetivo é melhorar cada vez mais todo o setor", finalizou Adolfo.

Sobre o possível reajuste das passagens, a Destra não havia se manifestado até o fechamento desta matéria, haja vista que ainda não recebeu oficialmente a proposta da associação.

Tomando como base o curso habitual do processo de análise do reajuste ou não das passagens, após a entrega da planilha contendo as propostas de tarifas da AETPC junto à Destra, que já se encontra também elaborando a sua, as mesmas serão apresentadas para conhecimento em reunião do Comut (Conselho Municipal de Transportes). A partir daí, haverá a decisão do Poder Executivo em homologá-las ou não.


Usuários comentam sobre possível aumento

No intuito de registrar as opiniões dos passageiros sobre o possível reajuste das passagens, a reportagem VANGUARDA esteve circulando, durante a manhã da última segunda-feira (28) por algumas paradas de ônibus que ficam instaladas no centro da cidade. A vendedora Marcela Silva, por exemplo, que se encontrava no ponto da Rua Duque de Caxias, não gostou da ideia do aumento. "Tudo fica mais caro no país, mas o reajuste do salário mínimo, a cada ano, tem sido uma vergonha. Espero que não aumente muito, porque, senão, pesará ainda mais no meu orçamento", comentou.

O também profissional Luiz Renato, que estava na parada da Rua 15 de Novembro e chega a pegar quatro ônibus por dia para se locomover, se mostrou preocupado com o provável acréscimo nos valores. "Lá em casa só quem conta com cartão Leva é a minha esposa, já que o meu trabalho não disponibiliza. Se aumentar ainda mais vou ter de procurar uma alternativa, porque acho que não vou conseguir dar conta. Espero que os envolvidos cheguem a valores acessíveis porque a população não aguenta mais ter de assimilar tantos aumentos", disparou.

Se o reajuste entrar em vigor, a doméstica Maria Luciene aguarda que o serviço avance mais em termos de qualidade. "Sim, porque ainda há muito o que se melhorar em relação a esse sistema. Precisamos contar com ônibus cada vez mais novos e seguros. Pego ônibus, diariamente, então, conheço bem o serviço!", argumentou a usuária.

 

 
 
 
 
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