Mesmo com os efeitos ainda presentes da crise, as empresas do setor estão apostando no acréscimo nas vendas em comparação com o fim de ano passado
Pedro Augusto
Segundo o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), as vendas em dezembro, tradicionalmente, costumam marcar um crescimento significativo nos faturamentos de hiper e supermercados, contabilizando o dobro, ou até mais, da média dos meses anteriores. Isso, sem dúvidas, puxado pelas festas de Natal e de Réveillon, que demandam a compra de vários produtos sazonais, impulsionando também a aquisição de diversos outros itens. Em Caruaru, as empresas do tipo vêm "sorrindo à toa" com o fluxo de clientes redobrado, que tem sido percebido desde a semana passada. Mesmo com os efeitos ainda presentes da crise, os supermercadistas estão apostando no acréscimo nas vendas em comparação com o mesmo período do ano passado.
A rede PagMenos, por exemplo, que diferentemente de outras empresas do gênero, expandiu as suas atividades em tempos de recessão, espera comercializar entre 3% a 5% a mais em relação ao último fim de ano. Pelo menos foi o que destacou o gerente da unidade da Avenida Rui Barbosa, no Bairro Maurício de Nassau, Rômulo Emanoel. "Tradicionalmente, os consumidores direcionam mais a segunda parcela do 13º salário para aquisição de produtos voltados para as duas festas. Nosso faturamento, até agora, tem sido satisfatório, mas deverá aumentar ainda mais neste fim de semana, quando milhares de clientes se dirigirão até as nossas unidades com essa fatia do benefício nos bolsos. Em comparação com o mês passado, estimamos um crescimento nas vendas de 17%", disse.
Durante esta época do ano, os itens mais procurados nos super e hipermercados, de acordo com o levantamento do Ibevar, são os sazonais: nuts, panetones e cestas natalinas, bem como carnes, aves e pescados, além de cervejas, espumantes, uísques, e acessórios para as datas. Um fator que pode frear as compras de fim de ano, devido à crise, é a restrição de renda dos consumidores. "Quando aumenta essa restrição, primeiramente, há uma tentativa de trocar as marcas dos produtos, mas mantendo o consumo. Posteriormente, vem a substituição desses itens. Já com um maior otimismo e confiança no emprego, os consumidores respondem com o aumento nas compras, principalmente das marcas que mais o atraem", explicou o diretor do Ibevar, Nuno Fouto.
Dotado de uma gama considerável de produtos sazonais, o Unicompras, que fica na Avenida Agamenon Magalhães, também no Bairro Maurício de Nassau, é outro supermercado de Caruaru que também está estimando acréscimo nas vendas ante o mesmo intervalo de 2017. "Apesar da crise, o Unicompras de Caruaru conseguiu fechar, a cada mês deste ano, sempre com o saldo positivo, e não está sendo diferente em dezembro. Devido à chegada das festividades, temos percebido uma procura redobrada por parte dos consumidores, não só pelos sazonais, mas pelos demais produtos da unidade. Sim, porque tanto o Natal como o Réveillon também acabam demandando a aquisição de outros itens. Projetamos um aumento nas vendas entre 6% a 8%, no comparativo com o último fim de ano", destacou o consultor gastronômico da rede, Raul Nunes.
Segundo o gerente comercial Josenildo de Oliveira, assim como nos dois concorrentes destacados, no RM Express, que fica na Praça Arthur da Silva Peixoto, no Maurício de Nassau, não houve grandes reajustes nos preços em relação ao fim de ano passado. "No que se referem às bebidas importadas, realmente houve alguns acréscimos, mas tudo dentro do mercado. Entretanto, no âmbito geral, não estão sendo percebidos grandes aumentos em relação aos preços, por parte dos consumidores. Desta forma, estimamos um crescimento nas vendas de 8% em comparação com o último mês de dezembro", avaliou.
Neste ano, a terapeuta Jussara Settani não perdeu tempo e comprou os produtos voltados para ceia natalina logo no final de novembro. Segundo ela, foi uma forma de economizar. "Pesquisando, agora, pelos supermercados, percebi certos acréscimos em relação aos valores praticados, mas isso é natural, haja vista que, quanto mais próximo das festividades, maiores ficam os preços. Sabedora disso, antecipei praticamente toda compra da ceia e estive adquirindo esta semana apenas os complementos."
No âmbito nacional, espera-se 10% de aumento nas vendas
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) junto a 102 empresas do setor, espalhadas por todo o Brasil, indicam melhora na estimativa de vendas de produtos natalinos em 2018, na comparação com o ano anterior. Os dados do Departamento de Economia da Abras indicaram que as vendas desses produtos devem crescer 10,27% neste ano, ante uma projeção de 8,34%, em 2017. As consultas foram feitas entre 4 de setembro e 5 de outubro.
Na avaliação do presidente da Abras, João Sanzovo Neto, os empresários estão mais otimistas quanto à possibilidade de aumento do consumo nessa época, com base na leve recuperação do emprego e do poder aquisitivo diante de uma inflação mais controlada.
A maioria dos supermercadistas (66%), no entanto, manteve o mesmo nível de encomendas do ano passado. Apenas 18% apostaram em vendas superiores às de 2017. Pela projeção, entre os itens que deverão ser mais procurados, estão o vinho importado e o panetone, seguidos de refrigerante, carne bovina, cerveja e frango congelado. Para promover o escoamento dos produtos, várias lojas estão trabalhando com estratégias como degustação, promoção e brindes.
Ainda de acordo com as expectativas, as frutas nacionais deverão ter uma saída 11,38% maior do que no Natal do ano anterior e também acima do estimado em relação às frutas secas (9,7%). No segmento de carnes, espera-se alta de 11,91%. Já para pescados, as vendas de peixes frescos devem aumentar 11,25%; de pescado congelado, 9,1%; e do bacalhau 8,85%.
O setor também acredita que, em 2018, a procura por produtos importados deve ter um incremento de 6,92%, ante uma estimativa de 5,83%, no ano passado. Como o dólar em alta, principalmente no período pré-eleitoral, as projeções indicam preços mais elevados para itens importados. Na média, o consumidor deverá pagar 10% a mais por esses produtos. Fora da lista de alimentos, as previsões mostram alta de 10% nos eletrônicos e de 8,27% nos brinquedos.
De acordo com a sondagem da Abras, houve aumento na proporção de empresários com intenção de contratar empregados temporários nas funções de operador de caixa, repositor, empacotador e entregador.