Eduardo Henrique, WalmiréDimeron e Robson Vila Nova reúnem tradição e regionalidade em centro de compras
Jaciara Fernandes
Existem profissionais que fazem toda a diferença no mercado de trabalho. E quando a vida junta três talentos, o resultado é o que costumamos falar: "não tem pra ninguém". Esse encontro aconteceu há muitos anos em Caruaru e, desde então, dá bons frutos. WalmiréDimeron, historiador e consultor cultural; decorador Eduardo Henrique Menezes e o ambientador Robson Vila Nova.
Além de se garantirem no que fazem, eles têm afinidade no bom gosto, no perfeccionismo e na sensibilidade. A prova disto é o último projeto que executam juntos, a segunda edição da Festa do Comércio do Polo, onde o tradicional e a modernidade se harmonizam, agradando a quem passa pelo centro de compras.
O projeto, assinado pelo Studio Robson Vila Nova, remete, com fidelidade, à festa que, por décadas, foi a atração no Natal e Fim de Ano para as famílias caruaruenses, no centro da cidade, mais precisamente ao longo da Rua 15 de Novembro.
Atuando há 30 anos no segmento de decoração, Eduardo Henrique usou com maestria os elementos locais, dando um tom especial nos tradicionais arranjos natalinos de origem europeia. O festão, por exemplo, ganhou cor marrom, remetendo-se ao barro do Alto do Moura. Também vieram do famoso bairro do Mestre Vitalino as bolas, as quais foram confeccionadas pela versátil artesã Terezinha Gonzaga. Elas enfeitam as árvores de Natal e os pinheiros, que também tiveram o tradicional verde substituído pelos tons marrons. "Quando vimos o projeto, logo de cara resolvemos por executá-lo, dando uma cara cultural e, ao mesmo tempo, regional. Acho que conseguimos e isso só nos traz alegria", comemorou o decorador.
Ele também destacou os detalhes dos laços que chamam a atenção pela delicadeza, criatividade e beleza. "Usamos estopa, bico de cambraia e bico de bolinha, dando leveza a cada peça", explicou. Ao longo de um corredor foram colocados pórticos confeccionados pós-trabalho de pesquisa baseado em fotografias da década de 1970, no auge da Festa do Comércio. A ideia foi criar na nova versão do evento o "Quem me quer", onde moças e rapazes da época se encontravam para paquerar. Os pórticos também ganharam cor do massapé.
Entre as novidades da edição deste ano, estão a descentralização da decoração e a introdução da casa do Papai Noel, atração que ganhou uma releitura na cor marrom sem perder o encantamento para a criançada. Muitos elementos que compõem o novo espaço foram trazidos de São Paulo por Eduardo, que também colocou peças em barro e carrinhos de madeira encontrados na Feira de Caruaru.
Ao todo foram necessários mais de dois meses para ver tudo pronto, incluindo o País de Caruaru, que recebeu preciosa exposição da Catedral de Nossa Senhora das Dores e seus 170 anos, dos 70 anos da Diocese de Caruaru, das Igrejas da Conceição, do Rosário e São Francisco, além do Colégio Diocesano e do Palácio Episcopal. "Estamos muito felizes com o resultado e somos gratos àqueles que nos confiaram seus acervos para que pudéssemos contar parte da história religiosa da cidade", enfatizou WalmiréDimeron, referindo-se ao Colégio Diocesano e ao Palácio Episcopal, além de pessoas da comunidade que contribuíram com a exposição, que é aberta ao público.
As gerações que vivenciaram a Festa do Comércio ‘voltam ao passado' ao se depararem, no hall principal, com os três Reis Magos e a manjedoura em figuras geométricas, ‘fiéis' às que tanto chamavam a atenção no evento original, quando eram confeccionadas pelo saudoso artista plástico Reginaldo Luiz.
Para Robson Vila Nova, o evento é um desafio, onde a emoção, a tradição e as lembranças caminham juntas. "A cada edição, temos a preocupação de superarmos ainda mais o grande público. Mas, graças a Deus, Eduardo Henrique e WalmiréDimeron e eu formamos uma irmandade e tudo sai como o planejado", disse Robson, que já foi presidente da original Festa do Comércio, em 1986.