Um ataque fulminante matou o fotógrafo de 51 anos, na quarta-feira (17). Ele atuou em vários veículos de comunicação, inclusive, como freelance no VANGUARDA
Jaciara Fernandes
Foi sepultado às 16h da última sexta-feira (19), no Cemitério Parque dos Arcos, em Caruaru, o fotógrafo Aguinaldo Lima, aos 51 anos, deixando uma lacuna no segmento de fotojornalismo, além de muita saudade e um legado. Ele faleceu por volta das 22h da quarta (17), quando treinava em uma academia localizada no Bairro Riachão. De acordo com o laudo médico, a morte foi causada por arritmia maligna, o conhecido infarto fulminante.
De acordo com o filho mais velho do fotógrafo, Rafael Lima, de 26 anos, no dia do falecimento, o pai teria passado o dia com tonturas e com dificuldades de respirar, mas não havia comentado com ninguém e desvalorizou os incômodos. Aguinaldo tinha um histórico cardíaco e há pouco mais de um ano havia se submetido a uma cirurgia, quando foram feitas três pontes de safenas e desde então fazia restrição a algumas atividades. Mas, ainda segundo Rafael, o fotógrafo estava liberado para a prática de exercícios leves, de acordo com o seu limite.
Na noite do ocorrido, como de costume, pai e filho estavam juntos na academia quando Aguinaldo passou mal e de imediato o Samu foi chamado. "O socorro chegou rápido, menos de 10 minutos, mas pareceu uma eternidade. Nem acredito que tudo isso tenha acontecido", conta Rafael, acrescentando que o pai teria morrido antes mesmo de ser colocado na ambulância, que seguiu para o Hospital Regional do Agreste (HRA). "Foi tudo muito rápido, me esforcei para manter a calma", frisa. Além dele, Aguinaldo deixou o filho Gabriel, 16, e a esposa, Joselma de Souza Barbosa, 44, com quem foi casado por 26 anos. O sepultamento, que inicialmente estava previsto para a manhã da sexta, foi adiado para a tarde a pedido da família, que aguardava a chegada dos irmãos dele, Lourinaldo Lima, que mora em Rondônia, e Lourival, no Maranhão.
Aguinaldo era uma referência na sua área pela dedicação ao trabalho e por saber fazer e manter amizades. Ele atuou na fotografia por 31 anos, tendo começado registrando casamentos, aniversários e batizados. Trabalhos que ele gostava de fazer mas, algo estava faltando: o fotojornalismo! A partir daí, começou a ter um novo olhar para a fotografia e foi no Jornal VANGUARDA que teve sua primeira foto ilustrada numa matéria.
Era o início do Aguinaldo Lima como freelance (quando se trabalha sem qualquer vínculo empregatício, mas remunerado por tarefa). Foi um pulo para ingressar na Sucursal do Jornal do Commercio, em Caruaru. Depois, trabalhou por cinco anos na Agência Ânglo e, em seguida, no Jornal Folha de Pernambuco, por um período de seis anos. O profissional também trabalhou na assessoria de imprensa da Prefeitura de Caruaru nas gestões dos ex-prefeitos Tony Gel e Zé Queiroz. Nos últimos quatro anos, se dedicou a comercializar equipamentos de fotografias, especialmente com as novidades que apareciam no mercado. Foi assim que se tornou dono de seu próprio negócio.
A prefeita Raquel Lyra enviou à imprensa nota de pesar pela partida de Aguinaldo dizendo que: "foi com tristeza que recebi a notícia do falecimento do fotógrafo Aguinaldo Lima, um grande profissional que colaborou com diversos veículos de imprensa da nossa cidade e do Estado". Para o fotógrafo Armando Lima, na profissão há 34 anos, Caruaru perdeu um grande ser humano. "Tive a oportunidade de trabalhar com Aguinaldo em diversas ocasiões e sempre foi muito parceiro. Inclusive, até mesmo quando era contratado para trabalhar em campanhas políticas, nunca se deixou levar por nenhuma bandeira e muito menos teve divergência com nenhum outro colega. Perdemos um amigo, um profissional e um fornecedor", lamenta Armando.
A paixão de Aguinaldo pela fotografia era tanta que ele inspirou o filho Rafael a seguir os seus passos na profissão. "Devo o que sou hoje e tudo que sei as lições recebidas pelo meu pai, do qual tenho muito orgulho de ser filho. A morte dele ainda vai demorar para ser assimilada", finaliza Rafael.
