O assunto será discutido a partir deste sábado (20), durante a 45ª edição do Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia Alergia, que acontece no Sheraton Reserva do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho
Com uma nova tecnologia, já presente no Brasil, é possível identificar pelo Teste do Pezinho grupo com cerca de 50 doenças que afetam gravemente o sistema imune, com destaque para Imunodeficiência Grave Combinada (SCID, em inglês) e agamaglobulinemia. Por enquanto, apenas hospitais particulares contam com essa tecnologia. As estatísticas apontam que para cada 10 mil recém-nascidos um apresentará alguma doença associada às imunodeficiências primárias (IDPs), que ocorrem em pessoas nascidas com o sistema imunológico deficiente em algum setor e manifestam-se por meio de infecções comuns, como otites, pneumonia, sinusites, entre outras. São mais de 300 doenças diferentes e, por isso, a prevalência varia muito.
A imunodeficiência combinada grave é uma forma rara de imunodeficiência primitiva. Existem várias formas da doença e todas se devem a anomalias genéticas que afetam as células do sistema imunológico. O principal sintoma é a repetição excessiva de infecções desde os primeiros meses de vida. Em geral são infecções graves, tais como pneumonia, meningite ou sepse.
Uma infecção geralmente benigna em uma criança com imunidade normal pode comprometer o prognóstico de uma criança afetada com SCID e se espalhar por órgãos internos. Outro sintoma muito frequente da imunodeficiência combinada grave é a diarreia persistente. Ela pode causar consequências graves como desnutrição e perda de peso.
O diagnóstico é geralmente estabelecido na criança durante o primeiro ano de vida. Depois de observar os sintomas, um exame que analisa o número de linfócitos é realizado. Um bebê afetado pela SCID tem, em média, 1.700 células por microlitro de sangue contra 4000 de um bebê com a imunidade normal. Um diagnóstico pré-natal, a partir de testes genéticos, pode ser feito se houver antecedentes familiares.
O tratamento da imunodeficiência combinada grave é o transplante de células-tronco derivadas da medula óssea ou do sangue do cordão umbilical (células hematopoiéticas). Este enxerto permite substituir as células deficientes por células normais. As células transplantadas devem vir de um doador compatível, tal como irmão ou irmã. Também é possível recorrer a um doador semicompatível, como pai ou mãe da criança. A taxa de sucesso é maior se o transplante for realizado antes dos 3 meses e meio de idade. Sim, a imunodeficiência combinada grave tem cura. A realização do transplante e seu sucesso livra o paciente da síndrome.
O importante será discutido na 45ª edição do Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia Alergia, que desenvolverá o tema "Alergia e Imunologia na Era da Medicina de Precisão", a partir deste sábado (20), até a próxima segunda-feira (23), no Sheraton Reserva do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho.
O coordenador do Departamento Científico de Imunodeficiências da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Antônio Condino Neto, que será um dos palestrante do evento, explica que há um levantamento que vem sendo feito nos últimos anos para identificar os indivíduos com IDPs, já que cerca de 70% a 90% dos pacientes ainda não estão diagnosticados.
Os 10 sinais de alerta para imunodeficiências primárias em adultos
– Duas ou mais novas otites por ano;
– Duas ou mais novas sinusites no período de um ano, na ausência de alergia;
– Uma pneumonia por ano;
– Diarreia crônica com perda de peso;
– Infecções virais de repetição (resfriados, herpes, verrugas);
– Uso de antibiótico intravenoso de repetição para tratar infecção;
– Abcessos profundos de repetição na pele ou órgãos internos;
– Monilíase persistente ou infecção fúngica na pele ou qualquer lugar do corpo;
– Infecção por microbactéria da tuberculose ou atípica;
– História familiar positiva de imunodeficiência.
Os 10 sinais de alerta para imunodeficiências primárias em crianças
– Duas ou mais pneumonias no ano;
– Quatro ou mais otites no último ano;
– Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses;
– Abcessos de repetição ou ectima;
– Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia);
– Infecções intestinais de repetição/diarreia crônica;
– Asma grave, doença do colágeno ou doença autoimune;
– Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por micobactéria;
– Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada à imunodeficiência;
– História familiar positiva de imunodeficiência.