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Rita de Cássia Souza Tabosa Freitas é advogada e professora de Filosofia.
Rita Freitas
 
08.06
Meio Ambiente: quem desaparecerá primeiro?

Possivelmente essa é a pergunta do dia que não quer calar: quem desaparecerá primeiro, o homem ou a natureza? Atentando contra a natureza em um crescente processo de desequilíbrio, desde a Revolução Industrial, o homem se sente dominador de tudo o que se encontra a sua disposição. Essa apropriação criou grandes feitos, civilizações, máquinas extraordinárias, melhorou as condições de vida das pessoas, aumentou a expectativa de vida, impulsionou o avanço da técnica e da ciência, criou a Revolução Tecnológica… enfim, o mundo dos dois últimos séculos avançou a passos largos, mas, e o meio ambiente?

Para atender a uma demanda cada vez mais crescente de progresso e consumo precisamos explorar sempre mais e caímos em uma situação sui generis, pois de tanto "evoluir" começamos a recrudescer. Perdemos o senso do que poderíamos dispor e passamos de todos os limites aceitáveis. Criamos inúmeras desertificações artificiais, mudamos o clima para mais quente, mudamos o ciclo das chuvas e produzimos chuvas ácidas, matamos rios e lagos, extinguimos inúmeras espécies animais e vegetais em uma velocidade jamais vista. Perdemos qualquer noção de equilíbrio para atender demandas crescentes de consumo e gerar novas e falsas necessidades. Hoje, convivemos com os frutos amargos dessa falta de preocupação com o meio ambiente, mas ainda tentamos arrumar argumentação para desacreditar o óbvio e, aqui no Brasil, chegamos ao cinismo de anunciar publicamente que somos o país do mundo que mais cuida do meio ambiente.

Enquanto a Costa Rica adotou a política de zero plástico e zero carbono até 2021, nós nos recusamos a assinar o acordo internacional para redução de plásticos e somos grandes poluidores nesse sentido. Nos negamos a investir para valer em reduzirmos combustíveis fósseis, adotamos o transgênico como modelo do agronegócio. Estamos acabando com as políticas públicas para povos tradicionais, defensores do meio ambiente, com o argumento de que eles são vagabundos e não vale a pena investir ali dinheiro público. Queremos seguir os EUA e rasgar o Protocolo de Paris e outras normas internacionais que envolvam acordos ambientais. Enfim, estamos da contramão da história…

Nesse momento triste, lembro-me do filósofo alemão Hans Jonas, que criou uma nova ética chamada de ética da responsabilidade. Ele nos lembrava que temos um compromisso de entregar uma Terra melhor do que herdamos para as gerações futuras. Hoje, não sabemos se teremos algo a ofertar aos nossos netos. Uma coisa, porém, é certa, a Terra nos eliminará antes que consigamos destruir a natureza. É só uma questão de tempo e, nesse momento, não podemos dizer que não sabíamos.

 
 
 
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