Aproxima-se a Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo – É o tempo da libertação e da vitória sobre o pecado e a morte. É a maior festa dos cristãos. Por isso a Liturgia da Igreja Católica prevê um tempo de preparação que se chama Quaresma. Como podemos viver esses quarenta dias? Deixemos guiar pela palavra de Deus e pelas orientações do Papa Francisco.
Jesus disse: <> (Mt 6,21). O nosso coração aponta sempre para uma direção: é como uma bússola que sempre procura a orientação. Podemos também compará-lo a um imã: precisa de se apegar a qualquer coisa. Mas, quando se apega só às coisas terrenas, mais cedo ou mais tarde torna-se escravo delas: as coisas de que nos servimos a coisas às quais servimos. O aspecto exterior, o dinheiro, a carreira, os passatempos: se vivermos para eles, tornar-se-ão ídolos que nos usam, sereias que nos encantam e, em seguida, nos deixam à deriva. Ao contrário, se o coração se apega ao que não passa, encontramo-nos a nós mesmos e tornamo-nos livres. Quaresma é o tempo de graça para libertar o coração das nulidades; é tempo de cura de dependências que nos seduzem; é tempo de fixar o olhar naquilo que resta.
Então onde devemos fixar ao longo do caminho da Quaresma? É simples: no Crucificado. Jesus na cruz é a bússola da vida, que nos orienta para o Céu. A pobreza do lenho, o silêncio do Senhor, a sua nudez por amor mostram-nos a necessidade duma vida mais simples, livre da azáfama excessiva pelas coisas. Da cruz, Jesus ensina-nos a coragem esforçada da renúncia. Pois, carregados com pesos embaraçantes, nunca iremos para diante. Precisamos de nos libertar dos tentáculos do consumismo e dos laços do egoísmo, de querer sempre mais, de não nos contentarmos jamais, do coração fechado às necessidades do pobre. Jesus, abrasado de amor no lenho da cruz, chama-nos a uma vida inflamada por Ele, que não se perde entre as cinzas do mundo; uma vida que arde de caridade, e não se apaga na mediocridade. É difícil viver como Ele pede? Sim, é difícil, mas conduz à meta. No-lo mostra a Quaresma. Esta começa com as cinzas, mas leva-nos no final ao fogo da noite da Vigília Pascoal, a descobrir que, no sepulcro, a carne de Jesus não
se torna cinza, mas ressuscita gloriosa. O mesmo vale para nós, que somos pó: se voltarmos ao Senhor com as nossas fragilidades, se tomarmos o caminho do amor, abraçaremos a vida que não tem ocaso.
E um momento de alegria e libertação vai ser também a reconciliação com Deus através do sacramento da confissão.
É um gesto de fé que liberta!