Notícias
 
Economia
 
17/05/2019
A primeira feira após as chamas
 

Segundo avaliação da Prefeitura de Caruaru, nesta primeira Sulanca depois da destruição em série, as atividades transcorreram de forma habitual

Pedro Augusto

O baque foi grande com prejuízos financeiros enormes, mas se tem uma coisa que geralmente os sulanqueiros não costumam fazer é desistir de suas atividades. Na primeira Feira da Sulanca, no Parque 18 de Maio, após o incêndio, que ocorreu no último dia 6, no setor da Brasilit, destruindo cerca de 50 bancos, um montante considerável de feirantes, que acabaram sendo prejudicados pelas chamas, esteve comercializando os seus respectivos produtos na estrutura adaptada pela Prefeitura de Caruaru. Durante a manhã da segunda-feira (13) – período em que foi realizada a Sulanca -, eles atenderam a demanda já voltada para o intervalo junino sob o acompanhamento de representantes de secretarias municipais como a da Extraordinária das Feiras, de Obras, da Fazenda, dentre outras.

O objetivo foi observar o andamento das negociações após as intervenções que tiveram de ser feitas para dotar o espaço de infraestrutura adequada. De acordo com a avaliação do titular da pasta Extraordinária de Feiras, José Pereira, nesta primeira Sulanca depois da destruição em série, as atividades transcorreram de forma habitual. "Durante o fim de semana passado, várias secretarias de Caruaru estiveram realizando as instalações necessárias no tocante aos bancos, aos toldos, às bancadas e às iluminações necessárias para que o funcionamento deste trecho específico da Brasilit pudesse acontecer de forma normal durante a feira de hoje (segunda). E foi justamente o que ocorreu, ou seja, os feirantes comercializaram as suas mercadorias sem nenhum atropelo", afirmou.

De acordo ainda com o secretário, a estrutura física interina será mantida para o período junino, onde, tradicionalmente, há um incremento significativo em termos de vendas. "Toda essa estrutura, que foi instalada, ficará também à disposição dos feirantes nas próximas feiras, haja vista que estamos nos aproximando do São João, quando há um acréscimo considerável em relação às comercializações. Ou seja, reforçamos que não haverá nenhuma interrupção quanto às atividades dos prejudicados! Em paralelo, a prefeitura, através de suas secretarias, já se encontra envolvida no estudo dos ajustes que necessitam ser feitos na Brasilit. Várias ações deverão ser postas em prática beneficiando toda a gama de feirantes e compradores que circulam por este setor. Os objetivos são oferecer ainda mais segurança e comodidade", acrescentou Pereira.

Atualmente, o setor da Brasilit conta com 3.600 boxes em operação. Dentre os sulanqueiros que estiveram negociando as suas mercadorias no setor atingido, na manhã da última segunda-feira, a reportagem VANGUARDA conversou com Cléber Fernandes. Ele se mostrou esperançoso quanto a dias melhores. "Perdi o banco e a mercadoria, mas pelo menos, hoje, pude trabalhar normalmente no mesmo local. O que a prefeitura prometeu, cumpriu, ou seja, instalou os boxes, os toldos e a iluminação. Agora, nos encontramos em uma nova etapa: como faremos para reconstruir os nossos bancos e produzirmos as nossas mercadorias? O poder público municipal se comprometeu a repassar valores para nós e estamos aguardando os auxílios se concretizarem", disse.

Esses auxílios foram definidos durante reunião realizada na última sexta-feira (10), pela PMC, com a presença dos feirantes prejudicados. Na ocasião foi apresentado projeto de lei para a abertura de um valor adicional especial de até R$ 250 mil para o orçamento do município, com o objetivo de garantir repasses financeiros aos sulanqueiros. O pedido foi enviado para a Câmara de Vereadores com votação realizada na tarde da última terça-feira (ler mais Política 3). Os auxílios em dinheiro propostos pela prefeitura foram da seguinte forma: R$ 5 mil para um banco cadastrado; R$ 4 mil para duas unidades cadastradas, além de R$ 3 mil para cada unidade, a partir de três cadastros.

"Apesar do prejuízo que tive, tenho que agradecer a Deus por esse incentivo. Participei da reunião com a prefeita Raquel Lyra, e tudo que foi prometido foi cumprido", afirmou Erivaldo José, que trabalha há 22 anos na Feira da Sulanca. "Acredito que esses valores poderiam ser maiores, mas já está de bom tamanho para recomeçarmos a produzir com maior intensidade. Já a proposta do Governo do Estado em disponibilizar empréstimos, através de linhas de crédito, não agradou a nós sulanqueiros, porque teremos de pagá-los com acréscimo de juros. Informaram que é de 0,57% ao mês, mas, mesmo assim, não é bom!", acrescentou o também feirante Jucélio Silva.


COMPRADORES

Diante da normalidade a qual transcorreu o expediente no espaço atingido pelo incêndio, os clientes estiveram fazendo suas compras satisfeitos. "Fiquei preocupada com a notícia do incêndio, porém quando cheguei ao local puder fazer minhas compras tranquilamente. A prefeitura está de parabéns com a agilidade que teve para não prejudicar a vida desses feirantes e também a nossa, compradores", disse Regina Silva, de Maceió.

"Vim para Caruaru imaginando que a situação estivesse pior! Mas fiz as minhas compras sem qualquer problema, conforme um dia habitual de Feira da Sulanca. É claro que esses feirantes prejudicados necessitam contar com uma infraestrutura mais adequada, mas, diante de tudo que pude ver desse incêndio pela televisão, até que aqui está bastante arrumado. Bom também para nós consumidores que somos fregueses há anos desse setor e não precisaremos deixar de vir para cá!", comentou a compradora de Jaboatão, Sílvia Jaqueline.

De acordo com os dados da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru, atualmente, a cada semana, o Parque 18 de Maio vem comportando um fluxo de 30 a 40 mil pessoas, entre vendedores e consumidores, com uma movimentação financeira na casa dos R$ 30 milhões. "Isso nas consideradas feiras normais, porque neste período de São João os números deverão saltar, respectivamente, para 70 mil e R$ 80 milhões", destacou o presidente da entidade, Pedro Moura.

 
 
 
 
publicidade