O Brasil arde. A Amazônia queima. As cinzas substituem as matas, biomas são perdidos, animais morrem, pessoas morreram e perderam tudo. Tudo em nome de quê? Do progresso? De dinheiro? Ou de regularização de ocupações de terras pelo governo federal? Em uma fala que desrespeita o IBAMA, o ICMBIO, a FUNAI, o INPE e toda gama de estudos científicos no mundo, a política ambiental brasileira parece desrespeitar o óbvio: o governo avaliza a destruição ambiental em nome do progresso.
Em um verdadeiro espetáculo de criação de notícias falsas, o presidente desrespeita as organizações não governamentais acusando quem protege de ser quem destrói. Sem provas algumas contra as ONGS, o presidente busca justificar o total desastre de sua falta de política ambiental. Essa semana, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi vaiado em um evento em Salvador sobre clima (Semana Latina-Americana e Caribenha), com a participação de 23 países. O ministro está desmontando a estrutura brasileira para preservação ambiental, flexibilizando leis e diminuindo o controle sobre a questão ambiental.
Estranhamente e irresponsavelmente, o governo se recusa a enfrentar o problema e acusa os países europeus de estarem promovendo uma campanha contra o Brasil, por questões econômicas. A quem se pretende enganar? É fato que sob a bandeira da nova política e da luta contra a corrupção, Jair Bolsonaro teve como compromisso de campanha em contrapartida a doações financeira e apoio da bancada ruralista a flexibilização das questões ambientais. Só os apoiadores cegos desse governo e aqueles que diretamente recebem alguma vantagem dessa situação tentam defender o indefensável: estamos nos destruindo e ameaçando a qualidade de vida das gerações futuras.
O chefe do laboratório da NASA que acompanha o desmatamento da Amazônia há 18 anos deu uma entrevista ao Jornal Nacional no dia 22 de agosto e através de imagens de satélite demonstrou o crescimento do aumento das queimadas, corroborando com o relatório do IPAM. O ano de 2019 foi menos seco que os últimos anos na Amazônia Legal, o que desmente o argumento governamental baseado em um relatório apresentado pela metade da NASA de que já houve anos com queimadas maiores, mas a diferença é que foram anos mais secos e com menos focos de incêndios. Sob risco de embargos econômicos, Macron, presidente da França, convocou o G7 para discutir o problema das queimadas na Amazônia devido a inércia do governo brasileiro. Teremos que pagar com o bolso a irresponsabilidade de um governo descompromissado com o futuro.